Naquela que será uma das mais faladas alianças do ano, Lou Reed, juntou-se aos Metallica, para registar o álbum, intitulado «Lulu», que será editado no próximo dia 31 de Outubro. O disco foi co-produzido por Lou Reed, Metallica, Hal Willner (que assinou outros registos de Reed, Marianne Faithfull e Laurie Anderson, entre outros) e Greg Fidelman, responsável igualmente pelas misturas.
A ideia de uma parceria entre estes dois gigantes da música, nasceu após os concertos de comemoração do 25º aniversário do Rock And Roll Hall Of Fame, em Outubro de 2009, em Nova Iorque. Os Metallica subiram ao palco com Lou Reed, para interpretar «Sweet Jane» e «White Light/White Heat», clássicos dos Velvet Underground. «Desde então, soubemos que tínhamos sido feitos uns para os outros», afirma Reed.
Depois dessa extraordinária actuação, Reed sugeriu-lhes que fizessem um álbum juntos. Ao início, o plano era gravar um disco com material antigo de Reed – que Ulrich descreve como «algumas das jóias perdidas de Reed, canções às quais ele desejava dar um segundo olhar e onde nós poderíamos fazer o que quer que seja que habitualmente fazemos». Essa ideia «ficou no ar, por alguns meses». E foi então – uma semana ou duas antes da data marcada para o início dessas gravações – que «Lou telefonou e disse “sabem, acho que tive outra ideia”».
Essa ideia passava por registar um conjunto de canções que Reed tinha escrito para a produção de «Lulu Plays», que se estreou em Abril, no Theatre am Schiffbauerdamm, em Berlim, levada a cena por Robert Wilson, o encenador avant-garde norte-americano, e pelo Berliner Ensemble, a companhia de teatro alemã fundada por Bertolt Brecht. Inspiradas em «O Espírito da Terra» e «A Caixa de Pandora», obras do início do século XX, do dramaturgo expressionista alemão, Frank Wedekind, as canções revisitavam igualmente «O Corvo», de Edgar Allan Poe, no qual Reed também se inspirou para o álbum «The Raven» e que recentemente foi publicado em banda desenhada, pela Fantagraphics Press.
«Nós estávamos muito interessados em trabalhar com o Lou», diz Hetfield. «Mas havia uma série de perguntas que não me saíam da cabeça: como é que ele será? O que é que vai acontecer? Quando recebemos as letras que viriam a dar origem a “Lulu”, ficámos muito contentes: podíamos finalmente arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Eu podia abandonar a minha função de cantor e compositor e concentrar-me apenas na parte musical. Estas letras eram muito poderosas, com uma verdadeira atmosfera por detrás da sua paisagem sonora. Eu e o Lars sentámo-nos com instrumentos acústicos e deixámos que esta tela em branco nos guiasse. Sermos convidados para conceber esta obra foi uma bênção enorme – e foi isso que tentámos honrar».
«Usando o rock, tínhamos que dar vida a Lulu de forma sofisticada», lembra Reed. «Se queria atingir o mais intenso e poderoso rock, tinha que fazê-lo com os Metallica – eles vivem nesse planeta! Quando tocámos juntos, percebemos logo: o sonho tinha-se tornado realidade. Esta é a melhor coisa que já fiz. E fi-la com o melhor grupo que podia ter encontrado. Para começar, todas as pessoas envolvidas no projecto foram sinceras. Isto veio ao mundo da maneira mais pura possível. Na esfera do que é real, fomos o mais longe que conseguimos».
«Definitivamente, nem é um álbum dos Metallica nem um álbum de Lou Reed», acrescenta Hammett. «É qualquer outra coisa. É um animal novo, um híbrido».